Ata Tribunal Pleno n. 11, de 27 de novembro de 2003

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Título: Ata Tribunal Pleno n. 11, de 27 de novembro de 2003
Autor: Brasil. Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT)
Unidade responsável: Secretaria do Tribunal Pleno e do Órgão Especial (STPOE)
Data de publicação: 2003-12-19
Fonte: DJMG 19/12/2003
Texto: SECRETARIA DO TRIBUNAL PLENO E DO ÓRGÃO ESPECIAL

ATA nº 11 (onze) da sessão plenária solene, realizada no dia 27 (vinte e sete) de novembro de 2003.
Às 17 (dezessete) horas do dia 27 (vinte e sete) de novembro de dois mil e três, no Plenário do 10º andar, à Avenida Getúlio Vargas, nº 225, nesta cidade de Belo Horizonte, Capital do Estado de Minas Gerais, reuniu-se o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, em sessão plenária solene, sob a presidência do Exmo. Juiz Presidente Antônio Miranda de Mendonça. Presentes o Exmo. Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria Regional do Trabalho da Terceira Região, Dr. Anemar Pereira Amaral, e os Exmos. Juízes Márcio Ribeiro do Valle, Vice-Presidente, Deoclecia Amorelli Dias, Vice-Corregedora, Antônio Álvares da Silva, Alice Monteiro de Barros, Maria Laura Franco Lima de Faria, Manuel Cândido Rodrigues, Paulo Roberto Sifuentes Costa, Luiz Otávio Linhares Renault, Antônio Fernando Guimarães, Júlio Bernardo do Carmo, Eduardo Augusto Lobato, Marcus Moura Ferreira, Hegel de Brito Boson, José Murilo de Morais, Ricardo Antônio Mohallem, Denise Alves Horta, Sebastião Geraldo de Oliveira, Maria Perpétua Capanema Ferreira de Melo e Luiz Ronan Neves Koury. Ausentes os Exmos. Juízes Paulo Araújo, Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello, Bolívar Viégas Peixoto e Lucilde D'Ajuda Lyra de Almeida, em férias regulamentares; Tarcísio Alberto Giboski, José Maria Caldeira, Fernando Antônio de Menezes Lopes, Emília Facchini, José Miguel de Campos, Maria Lúcia Cardoso de Magalhães, Heriberto de Castro e Paulo Roberto de Castro, com causas justificadas; Maria Auxiliadora Machado Lima e Cleube de Freitas Pereira, em licença médica; José Roberto Freire Pimenta, em licença para curso no exterior, e Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, convocado para o Colendo TST. Na presente sessão destinada a homenagear os Exmos. Juízes de 1ª e 2ª Instâncias que se aposentaram nos últimos 10 (dez) anos, participaram da composição da mesa, juntamente com o Exmo. Juiz Presidente Antônio Miranda de Mendonça, o Exmo. Procurador-Chefe Substituto da Procuradoria Regional do Trabalho da Terceira Região, Dr. Anemar Pereira Amaral, e o Exmo. Juiz José César de Oliveira, representando o Exmo. Juiz Orlando Tadeu de Alcântara, Presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da Terceira Região - AMATRA III.
O Exmo. Juiz Presidente declarou aberta a sessão, cumprimentando a todos os presentes e, antes de dar início à solenidade, fez uma pequena pausa, para que fosse aprovada a ata da sessão plenária ordinária realizada no dia 20 de novembro do corrente. Sem objeção dos Juízes do Pleno, o Exmo. Juiz Presidente declarou-a aprovada e deu prosseguimento à solenidade.
Após a execução do Hino Nacional, foi dada a palavra ao Exmo. Juiz José César de Oliveira, para a saudação aos Exmos. Magistrados aposentados, em nome da AMATRA III:
"Exmo. Sr. Dr. Antônio Miranda de Mendonça,
Digníssimo Presidente deste Eg. Tribunal, em cuja honrada pessoa cumprimento e reverencio todos os demais Juízes da Corte aqui presentes.
Familiares e amigos dos homenageados,
Senhoras e Senhores,
Meus colegas:
Ontem, à noite, por telefone, incumbiu-me o colega Orlando Alcântara, que se acha no triângulo mineiro para contato com Juízes da região, de aqui estar também como representante da AMATRA, para vos falar em nome da nossa entidade.
Sem negar o desvanecimento da distinção, devo dizer, todavia, que a incumbência de última hora me impôs o dever de procurar ser breve. Aliás, uma preocupação de todos que não pretendem se transformar para os outros em ocasião de fastio. E por não dispor de maior tempo para preparar uma saudação à altura dos vossos merecimentos, peço-vos que não ponham reparo na singeleza do que direi, mas tão-somente na sinceridade com que direi.
Quero logo prevenir que não falarei de saudade, essa angústia da alma, sugerida pela recordação de um bem perdido, conforme a definiu Antônio Augusto de Lima.
É que, como aposentados, acredito sinceramente que não sofremos despossamento algum, visto que conservamos tudo o que tínhamos e a isto acrescentamos a glória da colheita realizada.
Afinal, penso que aposentar-se e, merecidamente, desfrutar de justo descanso, não é declínio nem razão para nostalgias. Ao revés disto, é apanágio dos que souberam construir e realizar.
É este, sem falta modéstia, o caso de todos e de cada um de vós. Com efeito, nas estradas por onde andastes, soubestes construir judicatura honrada e fértil, daí ser digno das palavras do Criador: 'vi a tua obra e me regozijei com ela.'
Disse o portentoso Padre Vieira: "as flores, umas caem, outras murcham, outras, ainda, levam-nas o vento; aquelas poucas que se apegam ao tronco e se convertem em frutos, somente estas são venturosas."
E venturosos sois todos vós, prezados colegas, eis que fizestes brotar do tronco generoso do direito, ramadas densas de paz, entendimento e justiça social.
Uns, eruditos, irrigaram a passagem pelo templo da justiça de sabedoria e fartura de lições, em busca da sublime tarefa de construir o bem, fadário do que são dotados de sonhos largos e aspirações grandiosas.
Já outros, românticos, ungiram suas realizações com um cálido suplemento de alma, legado dos que têm mel no coração e sonoridade no verbo.
Outros mais, julgadores de vasta espiritualidade, destilaram por suas penas inspiradas, ensinamentos de otimismo, tolerância, compreensão e bondade, como a lembrar o caráter peregrino desta nossa viagem terrena e a dimensão transcendente do ser humano, cujo coração hospeda o sonho grandioso do amor e da paz e, também, a crença de que há no destino do homem algo maior do que apenas singrar a poeira.
Outros, ainda, sensíveis, sublimaram-se na aplicação do direito com aquele dulzor de justitia de que falava o inesquecível Trueba Urbina. Por isto, mesmo em tempos de procelas, serenos como a lua, seguiram sempre o mesmo rumo, acreditando, conforme vaticínio profético de Isaías, que águas jorrarão no deserto e torrentes na estepe; a terra queimada se converterá em lago, e a região da sede em fontes de água viva... e as tristezas entrarão em debandada.
Cedo aprendi que as sementes não são para todas as terras, pois umas nascem nas planícies, onde vegetam e morrem, enquanto outras são próprias para as cumeadas, donde, vicejando e dando frutos, espraiam suas galhadas para o infinito.
Entre os homens, caríssimos colegas, creio suceder o mesmo. Com efeito, há os que se acomodam na mediocridade das baixadas, onde surgem, envelhecem e morrem, sem nunca terem saído das estradas vicinais e áridas do nada.
Venturosamente, porém, há os que buscam o cume, as grimpas. São os espíritos condoreiros, desbravadores, andantes das alturas, onde fertilizam a vida e o mundo, infensos a vertigens e a desafios.
São estes os homens cujo espírito abrigo o desejo rugidor de edificar o santuário do bem e da paz, inspirados na confortadora promessa de Cristo: 'bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça!'
Vós sois, meus colegas, sem obséquio algum, honrosos exemplos destes últimos, pois em maior ou menor medida, fostes artesãos ilustres desta benfazeja oficina de justiça.
Uns, juízes, corregedores, Presidente da Casa;
Outros, juízes, professores;
Outros, Juízes, autores;
Outros, finalmente, apenas Juízes, no que, aliás, já sobeja glória, responsabilidade e honraria.
Todos juízes.... portanto, realizando todos a tarefa mais próxima de Deus.
Hoje, no planalto de nossas vidas, vejo aqui jovens de muitas idades: 50, 60, quem sabe 70 anos. Para todos vale lembrar sábia ponderação colhida em versos de Barros Tigre:
"Não lhe seja o tempo enfermidade,
Alimenta no espírito a saúde.
Luta contra as tibiezas da vontade.
Que a neve caia e seu ardor não mude.
Mantém-se jovem. Pouco importa a idade.
Tem cada idade a sua juventude."
A AMATRA, neste jubiloso momento, quer expressar a todos os Juízes aposentados, aqui presentes ou não, sentimento de profundo respeito, gratidão e apreço. Também quer lembrar que tem promovido eventos com o propósito de congregar estes colegas e fortalecer seus vínculos com a Associação.
Foi criado o "Prata da Casa", de cuja paternidade tenho realmente muito orgulho. Naquele espaço, a cada edição do nosso jornal, é contada um pouco da vida de algum colega aposentado com passagem significativamente rica pela magistratura trabalhista da 3ª Região. Assim é que já falamos, por exemplo, de Osiris Rocha, Vieira de Mello, Messias Nonato, Eros de Campos Jardim (o magistrado paradigma), Abel Murta de Gouveia, e vários outros ourives da nossa história.
Neste ponto, rompendo a promessa inicial, concluo que devo, sim, falar de saudade, definida por Camilo Castelo Branco como a poesia de todo homem. E continua ele:
"O que melhores poetas têm dito, melhor o têm sentido os que nunca fizeram versos.
Onde vires um homem recolhido com saudade, aí está um poeta, porque poesia não quer dizer senão enlevos dolorosos."
E é justamente com esse enlevo que nos lembramos, aqui e agora, dos caríssimos Lourival Nicoleti e Sérgio Alberto de Souza. Que Deus os receba e guarde na sua glória! E que dê a todos nós, que ficamos na dor da saudade, o conforto da esperança na vida definitiva.
Caríssimos colegas.
A AMATRA vos deseja, sinceramente,
Que sejam doces os seus dias
E de flores os seus caminhos...
Que haja festa em suas almas
E, nas soleiras, passarinhos.
Exmo. Sr. Presidente Antônio Miranda de Mendonça, amigo dileto e fraterno: não poderia encerrar esta minha fala sem novamente dirigir-me a V. Exa. E agora para expressar-lhe, em meu nome, de todos os homenageados e da AMATRA, sincera e enorme alegria por esta atenção que hoje recebemos. É uma prova de consideração que muito nos lisonjeia.
Saiba V. Exa. que esta data e este gesto, imorredouros, ficarão timbrados nos escaninhos de nossas melhores lembranças.
Que Deus guarde V. Exa. e a todos nós.
Muito obrigado!"
Em seguida, o Exmo. Juiz Antônio Álvares da Silva foi convidado para fazer a sua homenagem, representando os Juízes da Casa:
"Sr. Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região; demais membros da mesa; colegas presentes; meus estimados e queridíssimos colegas aposentados.
Terça-feira à tarde, meu colega Antônio Miranda me telefonou: - 'Tenho uma incumbência para você.' - 'Pois não Presidente, eu estou sempre a servir sua Casa, na medida da capacidade de meu braço.' E ele me disse: - 'É um discurso.' Eu assustei, eu não sou homem de discursos, raramente falo. Acho que o discurso, como dizia Mário Casassanta, é um gênero falso. Por ele sofre muito a sociedade brasileira pelas mentiras e pelos discursos que fazem, mas o Miranda, continuando, me disse: - 'Não, Antônio Álvares, é coisa diferente, você vai fazer um discurso para os nossos colegas aposentados.' Aí a coisa já foi mudando de sentido. Mas eu perguntei a ele: - 'Presidente, por que eu e não outro?' Ele disse: -'Porque você agora é o decano da Casa.' Eu me assustei novamente e perguntei: - 'Presidente, será que o senhor não errou na contagem aí não? Costumam-se fazer erros no serviço público e quem sabe o senhor errou na antiguidade aí.' Ele falou: - 'Não, realmente há um mais velho mas ele não pode comparecer e o decano é você mesmo.' Eu perguntei: - 'Mas será que do Brasil inteiro?' Miranda me disse: - 'Pela sua saúde você chegará lá.' - Então, eu assumi a condição de decanato com muita honra e muito prazer e aqui estou.
Meus colegas da platéia, meus distintos companheiros aposentados, o direito se rege pelo tempo. Todos os passos da ciência jurídica são marcados pela temporaridade. Ontem, os senhores aqui estavam, hoje os senhores estão aposentados. Mas as coisas mudaram fundamentalmente? Não, porque o tempo tem o limite de mudança das coisas, o tempo não muda tudo. Por isso, baseado neste fato e ao vê-los saudáveis, lépidos, continuando a vida com o brilho que ela deve ter, fiz algumas reflexões sobre o tempo e vou trazer-lhes para mostrar-lhes que os senhores estão juntos de nós da mesma forma do que no dia em que nos deixaram. O tempo, esse estranho e permanente companheiro de nossos passos, que nos traz a vida mas também a morte, a juventude mas também a velhice, a alegria mas também a tristeza, na sucessão dos infindáveis momentos de nossa vida. Não podemos conceituar bem o que seja tempo, porque são difíceis as definições dos temas filosóficos. Já se disse que a filosofia pertence à solução dos problemas insolúveis, portanto o filósofo é um homem de causas perdidas. Não pode trazer certezas sobre o objeto de sua ocupação, pois sua missão não é dar respostas, mas problematizar os problemas já por si mesmos complicados. Por isso eu decidi que deixemos de lado a definição de tempo e apenas gostaria de lembrar Virgílio que disse nas Geórgicas no livro III, "irreparabili tempus fugit", o tempo foge irreparavelmente. E Ovídio, nas Metamorfoses, tem uma passagem que todos os escritores citam: "tempus et dacs rerum", o tempo engole e come todas as coisas. Vamos analisá-las: que o tempo foge irreparavelmente não tem dúvida, o nosso barco caminha, infelizmente para todos nós, a um fim que, com certeza, todos haveremos de ter. Agora, será que Ovídio tinha razão quando diria que o tempo, ou como disse, que o tempo o "et dacs rerum", ou seja, o comedor, o engolidor de todas as coisas? Aí é que está a questão e novamente uma reflexão filosófica nos ajuda a destrinchar a questão: o tempo destrói o homem, que é uma eternidade passageira, ou seja, o momento único e indestrutível para o ser que teve o privilégio da vida, daí, a eternidade, mas o momento passageiro e limitado, daí a limitação temporal desta eternidade. A exemplo do amor do poeta, que é infinito enquanto dura, assim também há de ser a vida do homem, que seja eterna enquanto ele a vive. Então o que resta do homem, que é infinito enquanto dura e que é passageiro enquanto vive? Para responder a essa pergunta, coincidentemente, tive que capitular os homens da mesma maneira que fez meu colega José César, sem que nos comunicássemos. Nós podemos dividir os homens em três grandes categorias: a primeira, os que vivem, agem e fazem tudo para quase todos. Estes são os criadores que nas ciências aplicadas criam as invenções e as técnicas que facilitam e aliviam a vida de seus semelhantes. Nas ciências humanas são aqueles que instituem as condições para que o homem viva num ambiente de justiça e paz. São os juristas e os demais cientistas sociais, que colocam o homem como centro de suas atividades. Depois vem o homem que vive a vida sem desníveis, não conhece altiplanos que o elevem, nem erosões que abaixam o patamar de sua caminhada, segue simplesmente em frente pelos caminhos da vida. E, finalmente, há os que não criam nem fazem, pelo contrário, destroem a penosa construção ética que o homem de bem faz através da história pelo exemplo de vida que relega à comunidade. Agem contra os princípios da vida social, lesam o patrimônio público, usam da deslealdade para viver, enfim, constituem o desvalor da história humana, o seu saldo negativo que em todos os tempos se acumula nos porões da história humana. Senhores Juízes aposentados, os senhores, para profundo orgulho de nossa instituição, pertencem a primeira categoria. No exercício de sua profissão, enquanto aqui estiveram, serviram sem limite ao jurisdicionado e, através dele, ao país. Não há mácula em suas vidas nem conduta que os desmereçam. A instituição cresceu pelo seu trabalho e engrandeceu-se pelo seu esforço. Se não houvesse a predominância do bem sobre o mal, nem a prevalência dos homens honestos sobre os incorretos, a vida em sociedade não seria possível e o homem sucumbiria pela ausência de uma comunidade social e harmônica. Uma sociedade assim pensada é a soma das instituições que possuem e estas são também o resultado dos homens que a integram. Hoje, nosso Tribunal é reconhecido como um dos melhores do Brasil e se aqui dentro há a ética necessária para que se faça a justiça e a legitimidade para que seja exercida através da conduta honrada de seus juízes, plantada num solo firme de coerência e trabalho, tudo isso devemos aos senhores. Sabemos desde os evangelhos que nenhuma árvore cresce em solo impróprio. É preciso que suas raízes se finquem na firmeza de solo fértil, para que ergam mais tarde suas frondosas copas para o céu. Não é diferente com as instituições humanas. Um povo só será grande no futuro se tiver sido grande no passado. Assim como as instituições só lançam frutos sobre os tempos vindouros se houver colhido esses frutos nos tempos que passaram. E aqui, seu estimável, inestimável valor, meu colega aposentado, pois tudo que temos foi plantio de suas mãos, fruto de sua vida, resultado de sua conduta. Hoje os tempos mudaram, os senhores sabem, nossa barca navega em águas agitadas. Há um esvaziamento do Direito do Trabalho no mundo. A relação de trabalho mudou sua feição na história, já não se baseia mais na subordinação. Os pilares de sustentação quebraram-se definitivamente. O Well Fare State perdeu suas raízes. O Estado está retirando da arena social, sufocado pela burocracia que ele próprio criou. Caminhamos para uma mera relação contratual entre as pessoas que trabalham, as quais a vida definitivamente desigualou e que a história humana até hoje não conseguiu reequilibrar. Como igualar pelo contrato as relações de pessoas que são radicalmente desiguais, eis a questão. A luta será de cartas marcadas e o perdedor, já se sabe de antemão, o mais fraco. Porém a história não tem regresso, sua tela está aberta em nossa frente com os problemas e desafios que o direito moderno do trabalho terá que enfrentar e esta hoje é a perspectiva de seu difícil e incerto futuro. Mas agora eu pergunto, meus colegas, e ao passado, o que dizer disso? E tenho a tranquilidade, respondo-lhes com a absoluta segurança: o mundo foi construído por seu trabalho aqui dentro desta instituição e será na certa o ponto de partida para que enfrentemos os desafios do futuro.
A Instituição tudo lhes deve, meu colega aposentado. Vê-los aqui reunidos neste belo instante de congraçamento, numa união permanente, porque de fato nunca nos separamos, é uma grande e indizível alegria para todos nós. Agradeço ao Presidente Miranda esta gratíssima missão e louvo-lhe a simpática iniciativa que muito bem demonstra a grandeza de seu espírito e a sensibilidade de seu coração ao promover esta justa homenagem. A Instituição continua sua, meu colega aposentado. As pessoas saem, mas as obras ficam e é nesse sentido que poderemos falar com certeza na eternidade do homem que se perpetua pelo trabalho. Que é o futuro se não a angústia de nossas promessas, que é o passado, o tempo fugidio que vai, que é o presente, novas indagações, mas neste passado que nós vivemos está a construção definitiva do homem, a grandeza daquilo que ele fez, o indestrutivo de tudo que ele plantou.
Meu colega aposentado, você com suas mãos é o grande plantio desta seara. Que nós tenhamos forças de passar ao futuro o passado de dignidade que vocês nos relegaram."
Em prosseguimento, o Dr. Anemar Pereira Amaral, Procurador-Chefe Substituto fez o seu pronunciamento, em nome do Ministério Público do Trabalho:
"Exmo. Sr. Juiz Presidente do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, demais Juízes que o compõem, excelentíssimos senhores Juízes homenageados, senhoras e senhores.
O Ministério Público do Trabalho, como instituição que sempre se faz presente neste egrégio Tribunal, tanto nas sessões de julgamento quanto na promoção de ações em defesa da sociedade, quer também nesta oportunidade manifestar o seu apreço aos magistrados que hoje recebem justa homenagem nesta Casa. Trago um abraço especial da Dra. Marilza, atual Procuradora-Chefe do Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais, que teve a oportunidade de trabalhar e conviver com diversos dos Juízes aqui presentes e lamentou a sua impossibilidade de comparecimento a esta cerimônia por estar em compromisso institucional na cidade do Rio de Janeiro. E em meu nome e em nome do Ministério Público do Trabalho aproveito o ensejo para registrar profunda admiração pela Justiça do Trabalho da 3ª Região pela seriedade e competência de seus magistrados e servidores, independentemente de sua orientação social com entendimento jurídico que adote. Aos ilustres homenageados registramos igualmente nossa grande admiração pelo trabalho sério, profícuo e digno que prestaram a essa justiça ao longo de década. Fato que jamais será esquecido pela sociedade e, em nome dela eu digo, obrigado."
Após a fala da Procuradoria Regional do Trabalho, o Exmo. Juiz Gabriel de Freitas Mendes discursou em nome dos cinquenta e dois Juízes que se aposentaram na Justiça do Trabalho Mineira:
"Exmo. Sr. Juiz Antônio Miranda de Mendonça, Juiz Presidente da Corte, caríssimo amigo; Exmo. Sr. Procurador, Dr. Anemar Pereira Amara; caríssimo colega Dr. José César; caríssimos colegas desta egrégia Corte, permitam-me assim chamá-los; Exmos. Juízes de 1ª Instância; Exmos. advogados aqui presentes; digníssimos servidores da Casa a quem sempre estimei e estimarei sempre; caros colegas homenageados; minhas senhoras e meus senhores.
Reunidos aqui, todos nós, a convite do Presidente Antônio Miranda de Mendonça, a quem agradecemos e agradeceremos sempre a iniciativa desta sessão solene de homenagem aos juízes aposentados, uma primeira emoção que invade o meu coração e minh'alma é a honra de falar em nome dos homenageados, a grande honra de falar em nome de tantos e tantos colegas que no sublime de seus ideais e na individualidade de suas características marcantes, tresnoitados em infindáveis vigílias na análise de solução célere de infindados processos, deram de si, até ao esgotamento, energias preciosas na incontida obstinação de fazer justiça e buscar sempre, sempre o melhor para a nossa Instituição. E com a mesma intensidade, envolve-me também a emoção de viver este momento realmente mágico de incontrolável mergulho num tempo em que passado, presente e futuro se fundem na mística insondável do que é eterno. Sim, nossas almas se agitam com esta homenagem, porque podemos senti-la impregnada pela magia do eterno. Ao transpormos novamente os cancelos desta Corte, ganham vida velhas recordações. O passado personifica-se nas lembranças. Fatos perdidos nas dobras de um sem tempo de salutar convívio entre pares que se transformaram em inesquecíveis amigos voltam agora sublimados em lauréis de glória. Ansiedades para o concurso de juiz substituto, posses solenes, sustentações inflamadas, votações tempestuosas, vitórias e derrotas, ternas homenagens, tudo nos é de repente devolvido neste instante efêmero e eterno. É sentida a presença de juízes, procuradores, advogados, servidores de todas as épocas vindos de todas as dimensões. Reverberam vozes repetidas da história de beleza e glória de nosso Tribunal como modelo da maior competência, da melhor estrutura organizacional, sequência soberba de sonhos e sacrifícios, de trabalho profícuo, de esperanças, de fé rediviva. Sem dúvida o que terá sido inicialmente um gesto de amizade e consideração para com juízes aposentados adquiriu o sabor de eternidade e de imortalidade. Eu vi ontem, eu sei amanhã, este conceito de eternidade que nos foi passado pela milenar cultura egípcia coloca em íntima comunhão espiritual todos os presentes e todos que por aqui passaram e ainda vão passar. E é nessa comunhão que agradecemos e agradeceremos sempre as palavras, as belas palavras, as palavras tocantes proferidas pelo nosso caríssimo colega, Dr. José César, pelo nosso caríssimo Antônio Álvares, mestre professor do Direito, que nos deu uma aula de filosofia, pelo nosso caríssimo procurador Dr. Anemar, palavras que nos fizeram sentir destinatários de uma homenagem que sentimos realmente sincera e que a todos nos envaideceu. E é nessa comunhão que sentimos também uma vez mais que a nossa instituição tem uma alma coletiva que habita em todos nós. Uma alma que com a graça de Deus e a proteção de São Judas Tadeu, o bom velhinho de todas as horas, tem feito das crises cíclicas, quando tudo parece sossobrar, a antemanhã de novas conquistas, uma alma que nos inspirou e nos uniu no passado, que ainda agora nos inspira e nos une e assim continuará vivendo em nós, onde quer que estejamos, garantindo-nos a união. Jamais nos diremos adeus. Amigos nós vivemos, saudades nós sentimos. Juntos choramos e sorrimos, emoções nós vivemos e perto ou longe, sempre em nossos corações estaremos juntos, sempre juntos, todos, juízes, procuradores, advogados, servidores, caríssimos amigos de ontem, de hoje e de sempre, neste instante efêmero que sentimos eterno nossas almas não se reencontram porque nunca se separaram. Sim, nunca nos separamos e vamos continuar juntos caminhando pela vida na busca eterna do infinito do amor que o Cristo nos legou e que uma de suas faces, a mais bela, é a justiça. Que assim seja com a graça de Deus. Muito obrigado."
Terminadas as manifestações, o Exmo. Juiz Presidente, juntamente com os Exmos. Juízes Márcio Ribeiro do Valle, Deoclecia Amorelli Dias e Antônio Álvares da Silva, cumprimentaram e presentearam com uma toga, confeccionada especialmente para aquela ocasião, os Exmos. Juízes homenageados:
1. EXMO. JUIZ ORESTES CAMPOS GONÇALVES
2. EXMO. JUIZ LUIZ CARLOS DA CUNHA
3. EXMO. JUIZ RENATO MOREIRA FIGUEIREDO
4. EXMO. JUIZ NILO ÁLVARO SOARES
5. EXMO. JUIZ MICHELANGELO LIOTTI RAPHAEL
6. EXMO. JUIZ RAUL MOREIRA PINTO
7. EXMO. JUIZ AROLDO PLÍNIO GONÇALVES
8. EXMO. JUIZ ÁLFIO AMAURY DOS SANTOS
9. EXMO. JUIZ MÁRCIO TÚLIO VIANA
10. EXMO. JUIZ DÁRCIO GUIMARÃES DE ANDRADE
11. EXMO. JUIZ GABRIEL DE FREITAS MENDES
12. EXMO. JUIZ MICHEL FRANCISCO MELIN ABURJELI
13. EXMO. JUIZ SÉRGIO ALBERTO DE SOUZA ("in memoriam")
14. EXMO. JUIZ ELSON VILELA NOGUEIRA
15. EXMO. JUIZ FÁBIO DAS GRAÇAS OLIVEIRA BRAGA
16. EXMO. JUIZ LOURIVA NICOLETI ("in memoriam")
17. EXMO. JUIZ OSWALDO MACHADO
18. EXMO. JUIZ FRANCISCO ANTÔNIO ROMANELLI
19. EXMA. JUÍZA DIVA DOROTHY SAFE DE ANDRADE CARNEIRO
20. EXMO. JUIZ PEDRO LOPES MARTINS
21. EXMO. JUIZ JOSÉ NASSIF ANTUNES
22. EXMO. JUIZ ANTÔNIO TANURE GAMA
23. EXMA. JUÍZA ILMA MARIA BRAGA
24. EXMA. JUÍZA LÊDA SOUZA LIMA DE MELLO
25. EXMO. JUIZ LEONARDO NEGRAES
26. EXMO. JUIZ ROSALVO MIRANDA MORENO
27. EXMO. JUIZ AMÂNDIO MOACIR MATOS
28. EXMO. JUIZ AMAURI MARTINS FERREIRA
29. EXMO. JUIZ IVAN GAUDERETO DE ABREU
30. EXMA. JUÍZA SUELI JACINTA SILVA DE ASSIS
31. EXMO. JUIZ ABEL MURTA DE GOUVÊA
32. EXMO. JUIZ JOSÉ CÉSAR DE OLIVEIRA
33. EXMO. JUIZ MARCELO WAGNER PRADO BUENO
34. EXMA. JUÍZA MARIA JOSÉ ANDRADE KÖMEL
35. EXMO. JUIZ JOSÉ HILÁRIO PIRES DE SOUZA
36. EXMO. JUIZ ATAÍDE ASSIS ATAÍDE
37. EXMA. JUÍZA ELIANE MOHALLEM
38. EXMO. JUIZ JOÃO ROBERTO BORGES
39. EXMA. JUÍZA LÚCIA DA COSTA MATOSO DE CASTRO
40. EXMO. JUIZ CÁSSIO GONÇALVES
41. EXMA. JUÍZA ALICE LOPES AMARAL
42. EXMO. JUIZ HELTON GERALDO DE BARROS
43. EXMO. JUIZ CARLOS AUGUSTO JUNQUEIRA HENRIQUE
44. EXMO. JUIZ MANUEL GALDINO DA PAIXÃO JÚNIOR
45. EXMA. JUÍZA MARIA LUIZA FERREIRA DRUMMOND
46. EXMO. JUIZ JOSÉ CARLOS LIMA DA MOTTA
47. EXMO. JUIZ ROBINSON MARQUES
48. EXMO. JUIZ JUSUÉ SILVA ABREU
49. EXMO. JUIZ DORIVAL CIRNE DE ALMEIDA MARTINS
50. EXMA. JUÍZA IVETE MCCLOGHRIE
51. EXMA. JUÍZA MARIA DE LOURDES GONÇALVES CHAVES
52. EXMA. JUÍZA MARIA DOS ANJOS DE PINHO TAVARES
Finalizada a entrega dos presentes, o Exmo. Juiz Presidente expôs aos pares que, graças aos esforços e dedicação dos Juízes do Tribunal em defesa da Instituição, já são evidentes o reconhecimento e as homenagens que a Justiça do Trabalho vem recebendo nas cidades do interior. Acrescentou que essas homenagens não têm preço e são dedicadas aos eminentes Juízes aposentados que passaram por aqui, deram sua cota de sacrifício e muito ensinaram a todos. Terminou agradecendo a atenção e a presença dos Exmos. colegas aposentados.
Por fim, o Exmo. Juiz Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrada a sessão.
Término dos trabalhos às 18 (dezoito) horas e 30 (trinta) minutos.
Sala de Sessões, 27 de novembro de 2003.

ANTÔNIO MIRANDA DE MENDONÇA - Juiz Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região
SANDRA PIMENTEL MENDES - Secretária do Tribunal Pleno e do Órgão Especial do TRT da 3ª Região


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